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A ‘fake news’ sobre o «maxi radar» MUOS

6-11-2018 < Global Research 72 662 words
 

“ O M5S dividido sobre o maxi radar siciliano”, título do Corriere della Sera, espalhando uma maxi ‘fake news’: não sobre o facto de que a direcção do MoVimento 5 Stelle, depois de ter ganho, na Sicília, consenso eleitoral entre os apoiantes do NO MUOS, agora faz marcha atrás, mas sobre o mesmo assunto da discussão. Ao definir a estação MUOS, de Niscemi, como  “maxi radar”, engana-se a opinião pública ao fazer crer que é um sistema eletrónico terrestre, portanto, defensivo. Pelo contrário, o MUOS (Mobile User Objective System) é um novo sistema de comunicações por satélite que aumenta a capacidade ofensiva dos EUA à escala planetária. O sistema, desenvolvido pela Lockheed Martin para a U.S. Navy, consiste numa configuração inicial de quatro satélites (mais um de reserva) em órbita geoestacionária, ligados a quatro estações terrestres: duas nos Estados Unidos (no Hawaii e na Virgínia), uma na Sicília e uma na Austrália.




As quatro estações estão ligadas umas às outras por uma rede terrestre e submarina de cabos de fibra óptica (a da Niscemi está ligada directamente à estação na Virgínia). O MUOS, já a funcionar, tornar-se-á totalmente operacional no verão de 2019, atingindo uma capacidade 16 vezes superior à dos sistemas precedentes. Ele transmitirá simultaneamente, em frequência UHF (Ultra-High-Frequency) e de forma criptografada, voz, vídeo e dados. Submarinos e navios de guerra, caça-bombardeiros e drones, veículos militares e departamentos terrestres, tanto americanos como aliados, estarão ligados a uma única rede de comando, controlo e comunicações às ordens do Pentágono, enquanto estão em movimento em qualquer lugar do mundo, incluindo nas regiões polares. Portanto, a estação MUOS, de Niscemi, não é um “maxi radar siciliano” que guarda a ilha, mas uma engrenagem essencial da máquina bélica planetária dos Estados Unidos. Se a estação fosse encerrada, como o M5S havia prometido na campanha eleitoral, a arquitectura mundial dos MUOS teria de ser reestruturada.


O mesmo papel é desempenhado pelas principais bases USA/NATO, em Itália. A Naval Air Station Sigonella, a pouco mais de 50 km de Niscemi, é a base de lançamento de operações militares principalmente no Médio Oriente e África, realizadas com forças especiais e drones. A JTAGS, a estação de satélites USA do “escudo anti-míssil” instalada em Sigonella – uma das cinco à escala mundial (as outras encontram-se nos Estados Unidos, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Japão) – serve não só para a defesa anti-míssil, mas para operações de ataque conduzidas de posições avançadas.


O Comando da Força Aliada Conjunta, em Lago Patria (Nápoles), está às ordens de um almirante americano, que comanda as Forças Navais USA na Europa (com a Sexta Frota estacionada em Gaeta, Lazio) e as Forças Navais USA para a África, com quartel general em Nápoles-Capodichino. Camp Darby, o maior arsenal dos USA no mundo fora da pátria, fornece as forças USA e as forças aliadas nas guerras no Médio Oriente, Ásia e África.


A 173ª Brigada Aerotransportada USA, aquartelada em Vicenza, opera no Afeganistão, Iraque, Ucrânia e noutros países do Leste Europeu. As bases de Aviano e Ghedi – onde estão instalados caças norte-americanos e italianos sob comando USA, com bombas nucleares B61 que, a partir de 2020, serão substituídas pelas B61-12, fazem parte integrante da estratégia nuclear do Pentágono.


A propósito, Luigi Di Maio e outros dirigentes do M5S recordam-se de estar solenemente empenhados com o ICAN em fazer aderir a Itália ao Tratado ONU, libertando a Itália das armas nucleares USA?


Manlio Dinucci




Nota do Autor para as versões estrangeiras:


O MoVimento 5 Stelle juntamente com a Lega Nord, é um partido do governo, no qual Luigi Di Maio é o Vice-Presidente do Conselho de Ministros.


il manifesto, 6 de Novembro de 2018



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