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O Lado Obscuro da 5G: o Uso Militar

8-9-2020 < Global Research 91 693 words
 

A manifestação de 12 de Setembro, em Roma, “Stop 5G” concentra-se, com razão, nas possíveis consequências das emissões electromagnéticas para a saúde e para o meio ambiente, em particular sobre o decreto que impede os prefeitos de regulamentar a instalação de antenas 5G, na área municipal.


No entanto, continua a ignorar-se um aspecto fundamental desta tecnologia: o seu uso militar. Já falamos no il manifesto (10 de Dezembro de 2019), mas com resultados escassos. Os programas sucessivos lançados pelo Pentágono, documentados oficialmente, confirmam o que escrevemos há nove meses.


A “Estratégia 5G”, aprovada em 2 de Maio de 2020, estabelece que “o Departamento de Defesa deve desenvolver e empregar novos conceitos operacionais que utilizem a conectividade ubíqua oferecida pela tecnologia 5G para aumentar a eficácia, resiliência, velocidade e letalidade das nossas forças armadas”.


O Pentágono já está a experimentar aplicações militares desta tecnologia em cinco bases aéreas, navais e terrestres: Hill (Utah), Nellis (Nevada), San Diego (Califórnia), Albany (Geórgia), Lewis-McChord (Washington), Confirmou, em conferência de imprensa, em 3 de Junho, o Dr. Joseph Evans, Director Técnico da 5G, do Departamento de Defesa.


Ele então anunciou que as aplicações militares da 5G. Serão, em breve, serão testadas noutras sete bases: Norfolk (Virginia), Pearl Harbor-Hickam (Hawaii), San Antonio (Texas), Fort Irwin (Califórnia), Fort Hood (Texas), Camp Pendleton (Califórnia), Tinker (Oklahoma).


Os especialistas prevêem que a 5G terá um papel decisivo no desenvolvimento de armas hipersónicas, inclusive as que têm ogivas nucleares: para guiá-las em trajetórias variáveis, a fim de evitar mísseis interceptores, tem de recolher, processar e transmitir muito rapidamente, enormes quantidades de dados. É necessário o mesmo para activar as defesas em caso de ataque com tais armas, confiando nos sistemas automáticos.


A nova tecnologia também terá um papel fundamental na battle network (rede de batalha), sendo capaz de conectar milhões de equipamentos de rádio bidirecionais numa área circunscrita.


O 5G também será extremamente importante para os serviços secretos e para as forças especiais: tornará possível sistemas de espionagem muito mais eficazes e aumentará a letalidade dos drones assassinos.


Essas e outras aplicações militares dessa tecnologia estão, certamente, também a ser estudadas na China e noutros países. O portanto, o que está em curso sobre a 5G não é só uma guerra comercial.


Confirma-o o documento estratégico do Pentágono: “As tecnologias 5G representam capacidades estratégicas determinantes para a segurança nacional dos Estados Unidos e a dos nossos aliados”. É necessário, portanto, “protegê-las dos adversários” e convencer os aliados a fazerem o mesmo para garantir a “interoperabilidade” das aplicações militares da 5G no âmbito da NATO.


Isto explica por que é que a Itália e os outros aliados europeus dos EUA excluíram a Huawei e outras empresas chinesas das licitações para o fornecimento de equipamentos de telecomunicações 5G.


“A tecnologia 5G – explica o Dr. Joseph Evans numa conferência de imprensa, no Pentágono – é vital para manter as vantagens militares e económicas dos Estados Unidos”, não só contra os seus adversários, principalmente a China e a Rússia, mas também contra os próprios aliados.


Por esta razão “o Departamento de Defesa está a trabalhar estreiramente estreita com parceiros industriais, que investem centenas de biliões de dólares em tecnologia 5G, a fim de explorar esses investimentos maciços para aplicações militares de 5G”, incluindo “aplicações de dupla utilização” militares e civis.


Por outras palavras, a rede comercial 5G, construída por empresas privadas, é usada pelo Pentágono com uma despesa custo menor do que seria necessário se a rede fosse construída apenas para fins militares.


Serão os utentes comuns – a quem as multinacionais 5G venderão seus serviços – a pagar pela tecnologia que, como prometem, deve “mudar as nossas vidas”, mas que ao mesmo tempo será utilizada para criar armas de nova geração para uma guerra que significará o fim das gerações humanas.


Manlio Dinucci



Artigo original em italiano :




Il lato oscuro del 5G: l’uso militare


il manifesto, 8 de Setembro de 2020


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos



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